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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Controlar para enfraquecer

A célebre frase "dividir para conquistar" de Júlio Cesar foi assimilada nos últimos tempos como o ato de pegar um problema, reparti-lo em menores fragmentos e então resolvê-lo por estas partes fragmentadas.

O Henry Ford e suas referências liam a frase de Júlio Cesar pela óptica da organização produtiva e desde então vivenciamos até a década de 80 um período extremamente industrial e construtivo para o cenário mundial.

Naquele tempo existia a carreira profissional para dentro de uma empresa porque suas organizações tinham tamanho em escala de desafios para permitirem isso para profissional ao longo de seu ciclo produtivo.

Porém, com a onda de competições ocorrida nos anos 90 a partir da integração dos mercados internacional, fenômeno chamado de globalização, as organizações se reorganizaram para competição por preços menores, uma espécie de pregão mundial gerado pela abertura de fronteiras internacionais e agravantes como vantagens cambiais que exigiu muitas habilidades das empresas nacionais a desenvolverem uma administração baseada em redução de custo enquanto o governo tentava equilibrar a balança comercial para evitar desvantagens cambiais com algum sucesso todavia.

Me lembro ainda de presenciar reuniões onde algum grande gênio recebia promoções quando achava algum processo passível numa visão leviana de redução de custos e assim tornava-se uma espécie de herói da administração financeira da empresa sem relevar os efeitos sistêmicos de sua solução bitolada e assinada pela empresa.

Este hábito foi tão repetido e massageava tanto o ego dos administradores que viam como forma de competição somente a redução de custos até isso deformar, na década de 2000, o sentido das organizações.

Entramos naquela década e as  empresas ali já reduziam o quadro profissional e acumulavam papéis adicionais aos menos providos de qualificação ainda prematuros sob um discurso de que o profissional era diferenciado, capaz e estava sendo reconhecido com mais papéis e um pouco de aumento. Uma estratégia um tanto quanto promissora para a empresa de fato e para o profissional somente no âmbito utópico, porque apesar de um pequeno aumento, o colocava numa situação de mal estar ou perplexidade quando passava semanas com vários papéis sendo exercidos e acatados como o mínimo a ser feito para permanecer empregado.

A partir dos anos 2000 foi dada a largada para o Você S.A. e empresas, consultores, palestrantes e cientistas pessoais ensinavam-nos a sermos como uma mala de viagem internacional, ou seja, cheios de selos, conhecimentos culturais, do noticiário mundial do último ano para ser relevado como cidadão, habilidades inúmeras e atitude de um tapado garrido convicto numa promoção na escala organizacional.

Bom, mais de 10 anos se passou e as organizações sólidas e verdadeiras foram enterradas na utopia de espaços virtuais e a máxima do você é o guerreiro letrado na arte da guerra e tudo pode naquele que lhe enfraquece. A empresa tornou-se o deserto de muitos profissionais altamente capacitados mas sem perspectiva real dentro de organizações já enxutas e ao mesmo tempo este fenômeno deu aval, em estágio ainda prematuro, para profissionais aceitarem desafios aquém de seus limites porque uma organização reduzida transfere até a responsabilidade de acerto para o profissional não importando se está atitude incompetente da empresa será uma tocha incendiária da motivação do profissional.

O que vivenciamos hoje pode ser por praxe verdadeira o abandono do planejamento social por parte dos nossos governantes, mas as empresas poderiam mudar isso dentro de "casa" se reconhecem sua capacidade de blindar organizações saudáveis em momentos de crise nacional ou competitividade baseada em reduzir custos com demissões em massa ou a transferência de todas responsabilidade ao pequeno quadro profissional sem oferecê-los recursos, não me admira o povo brasileiro ser envaidecido como povo criativo, mas e dai se não conseguimos competir de fato ou fortalecer a nação com soberania?

Só sairemos deste ciclo vicioso quando cada figura chave reconhecer em seu leque de responsabilidades não a produção de bens para consumo, mas o dever de formar pessoas e investir em pessoas para obter no relativo longo prazo resultados em espécie de fortalecimento nacional de mão-de-obras capacitadas e educadas para contribuírem como famílias a exercerem junto com empresas e outras organizações não governamentais uma força regulatória deste governo que aproveita de uma década de decadência para realizar negociações de patrimônios e conquistas do povo brasileiro pela óptica de violarem o povo a fim de um enriquecimento financeiro astronômico até que as empresas e o povo acordem desta letargia.

País soberano depende de mais esforço do que vaidade e cresças em indicadores isolados de análise propositalmente para se criar uma ilusão de economia saudável.

Enquanto isso, o povo nesta sonolência mórbida e cega, alguns aproveitam deste estado para o exercício do controle e zelo pelo inexistente poder a sufocar o estado colaborativo e coletivo pautado da velha máxima de que a união faz sim a força para dividirmos o problema calamitoso o qual passamos para conquistar efetivamente.

Todavia, com a transferência crônica de responsabilidades as empresas sequer reconhecem o pedido sufocado de seu quadro profissional de aliança colaborativa e promovem o exercício reflexivo do mestre e o escravo.

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